PSOL e campanha de Wesley Teixeira

De Tecnopoliticas
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Contextualização

Wesley Teixeira é candidato pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) a vereador em Duque de Caxias, cidade da Baixada Fluminense do estado do Rio de Janeiro. Com o crescimento de sua candidatura e as discussões em volta de uma autocrítica à esquerda, Pedro Abramovay e ueli Carneiro, no mês de setembro de 2020, organizou uma live para promover Wesley à alguns membros da elite econômica brasileira, que se dizem preocupados com o crescimento do autoritarismo no país: Walter Salles, João Moreira Salles, Bia Bracher e Armínio Fraga. O resultado da reunião foi o grande apoio financeiro dos participantes, contando com uma doação de 30 mil reais de Fraga. Nesse contexto, o PSOL se dividiu em opiniões a respeito da polêmica, parte rechaçou a decisão do candidato de aceitar as doações, visto que essa atitude pode resultar, se eleito, num apoio político em relação aos endinheirados doadores, parte defendeu Wesley, ao acreditar que ele não se rendeu aos interesses das elites, ao aceitar um apoio econômico decisivo para sua campanha, e apoiar o diálogo e negociação com outros setores mais ricos da sociedade. Essa divisão de opiniões, que reflete os conflitos dentro da esquerda política, provocou uma grande crise no partido, às vésperas das eleições estaduais e municipais, resultando na ameaça de importantes desligamentos ao partido, como Marcelo Freixo.

Publicação de Luiz Eduardo Soares

A crise política e socioeconômica do Estado do Rio de Janeiro, segundo antropólogo cLuiz Eduardo Soares, em um texto publicado no Facebook, vem de uma histórica responsabilidade das elites cariocas, as quais financiam e apoiam candidaturas e políticas que atendem aos seus interesses pessoais e de classe, deixando as questões de desigualdade econômica e a garantia de direitos para a população carioca de lado. É nesse processo de valorização dos interesses pessoais e crescimento de uma crise generalizada que, atualmente, não apenas mais a classe trabalhadora carioca tem pago, a elite também. Nesse contexto, o estudioso defende a candidatura de Wesley Teixeira e critica a tentativa do PSOL em anular sua campanha, após o recebimento de contribuições de Armínio Fraga e outros da elite econômica carioca.

"O Rio, a Baixada e a eleição de Wesley Teixeira

As elites cariocas têm responsabilidade na ruína do Rio e na degradação da política. Optaram sempre por apoiar lideranças subservientes a seus interesses, mesmo sabendo de suas alianças com o milicianato. Estigmatizaram Freixo duas vezes. A política, para as elites cariocas, sempre foi um modelo de negócios. Agora, lamentam. A profundidade da crise devora seus criadores. Mantiveram as esquerdas sob cerco e entregaram os anéis às máfias. Hoje, perderam até os dedos. Além disso, as elites cariocas mantiveram sob o cerco do silêncio cúmplice a Baixada Fluminense, como se o apodrecimento institucional respeitasse a geografia. A Baixada foi sempre o grande Outro da cidade maravilhosa, a sombra e o abismo para onde não se deve olhar. Que os bandoleiros se matem pela carniça, desde que não sujem de sangue o cartão postal. Desde que mantenham as massas sob controle, por chantagem, coação e distribuição das migalhas. Quando Lindbergh mudou-se para a Baixada e elegeu-se prefeito de Nova Iguaçu, foi desprezado por parte da esquerda. O que era um gesto de coragem e ousadia democrática foi visto como oportunismo carreirista e fisiológico. Na Baixada, assassinatos políticos ocorrem às dezenas, as milícias se impõem. A grande mídia não quis saber: "Um dia o progresso da capital civilizaria a escória." Pois é, enganaram-se: a Baixada exportou seus métodos políticos e colonizou a capital. As polícias levam e trazem as artes macabras de seu ofício. O assassinato de Marielle foi um sinal trágico. Quem se importou, nas elites? Quem mandou matar Marielle? Até hoje não se sabe e a rotina não se alterou, naturalizando a abjeção. Esta semana, a terraplanagem política da Baixada, que se voltou contra os feiticeiros, inoculou segmentos do PSOL, que tentaram anular a candidatura à vereança em Caxias de um jovem negro, socialista e evangélico, Wesley Teixeira. A justificativa? Ele recebeu recursos de Armínio Fraga e outras pessoas que têm dinheiro e alguma coisa na cabeça, além de seus próprios interesses, pessoas que se convenceram de que o fascismo avança no Brasil e seu berço está aqui, e que precisamos de gente capaz de arriscar a vida por seus ideais, ou não teremos país nenhum. O diálogo entre Wesley e seus apoiadores foi transparente e público. Esses segmentos psolistas se acham radicais. Isso é sectarismo infantil, o mais velho, estreito e melancólico, não tem nada de radical. Radical é Wesley, ao se levantar contra a corja de assassinos que domina a Baixada há décadas e foi aliada dos porões da ditadura. Radical é quem não teme o dinheiro porque confia na própria integridade. Radical é quem sabe que seu compromisso não tem preço." (3/10/2020)

Publicações de Julita Lemgruber e Douglas Belchior

Em apoio à candidatura de Wesley Teixeira e denúncia do posicionamento do partido , a socióloga brasileira Julita Lemgruber e o líder político Douglas Belchior publicaram no Facebook e no Twitter.